SALOMÉ
Ainda a pensar no livro do Miguéis encontrei este poema do Herberto Helder que transcrevo com a devida vénia:
CANÇÃO DE CABILA
Leve, aparece na dança -
e ninguém lhe sabe o nome.
Vai e vem entre os seus peitos
um amuleto de prata.
Mergulha fundo na dança.
Tilintam em seus artelhos
muitas argolas de prata.
- Foi por ela que vendi
um pomar de macieiras.
Ela cai dentro da dança,
e abrem-se ao meio os cabelos.
- Foi por ela que vendi
o meu olival antigo.
Vai até ao centro da dança.
Cintila, vivo, um colar.
- Foi por ela que vendi
o meu campo de figueiras.
E no coração da dança,
todo um sorriso a enflora.
- Foi por ela que vendi
um milhão de laranjeiras. "
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